A Nova Era – Semana #148: like a G20, like a G20
A redação se deu ao direito de curtir o feriado, então a edição desta semana saiu hoje. Ela contará com a vergonhosa aparição de Bolsonaro no G20, a desastrosa propaganda de sustentabilidade do governo federal na COP26 e a aprovação do relatório da CPI da Covid.
Confira tudo isso (e muito mais) no resumo da semana #148 do governo Bolsonaro.
The following takes place between oct-26 and nov-01
Acabou, pode acabar
A CPI da Covid terminou os seus trabalhos e aprovou, por 7 votos a 4, o relatório escrito pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). Como adiantado na edição anterior desta série de textos, o documento pede o indiciamento de Jair Bolsonaro, outras 77 pessoas e duas empresas. A lista inclui três filhos do presidente, ministros, ex-ministros, deputados, funcionários públicos, empresários e o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC-AM).
Aqui se faz, aqui se ajuda
O momento mais maluco da sessão se deu quando, a pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Renan Calheiros incluiu um senador na lista de indiciados. Luis Carlos Heinze (PP-RS) apresentou voto em separado defendendo tratamentos ineficazes contra a covid. A decisão pegou mal, mas Heinze se salvou após críticas de Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Vem aí
O relatório final foi entregue em reunião fechada para o procurador-geral da República, Augusto Aras. Aras afirmou que o material encaminhado será analisado com o cuidado necessário. Só não explicou se a atenção aplicada terá o mesmo nível de leniência que vimos durante a pandemia.
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Pelo sim, pelo não, os senadores criaram um observatório para acompanhar as ações de Aras. A Frente Parlamentar Observatório da Pandemia de Covid-19, nome formal do projeto, foi criada a pedido do presidente da CPI da Covid, Omar Azis (PSD-AM), e o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Quem não está gostando disso tudo é o Arthur Lira (PP-AL), o governista mais poderoso do país.
Toca pra lá, toca pra cá
Buscando demonstrar serviço, o PGR determinou que as investigações preliminares contra o presidente Jair Bolsonaro (e outras 12 autoridades com foro privilegiado) fossem abertas na última quinta-feira (28). Augusto Aras também determinou que as informações fossem compartilhadas com todos os procuradores do Ministério Público Federal que estivessem trabalhando em investigações ligadas à pandemia. Aras também afirmou que submeterá tudo o que for realizado ao Supremo.
Pequenas notas do Quinto dos Infernos
Sergio Moro está quase pronto para ser o candidato dos 3%.
O Bolsa Família digiretrocedeu para Auxílio Brasil.
A oposição não quer laurear as lambanças fiscais do governo federal.
Paulo Guedes quer negociar com o Congresso mas não consegue manter-se em paz nem com os membros do governo federal.
Bolsonaro quer quebrar um monopólio que deixou de ser da Petrobrás na década de 1990.
O PSD é o partido Nirvana: reúne todas as tribos (proj. @MatheusLeone_).
Subiu de novo, novamente, mais uma vez: a taxa Selic.
Caiu um pouquinho, na base do subemprego: a taxa de desemprego.
O Tribunal Superior Eleitoral absolveu a chapa de Jair Bolsonaro após concluir que não havia provas de que a campanha cometeu abuso de poder econômico (e mandou uns recadinhos no meio do processo).
O STF decidiu que injúria racial merece as mesmas penas que racismo.
A semana da pandemia
Diante da queda contínua do número de casos e de mortes — alinhada com o aumento dos indicadores de vacinação na população adulta —, a prefeitura do Rio de Janeiro aboliu o uso de máscaras em locais abertos. A decisão foi tomada após a Assembleia Legislativa aprovar uma lei permitindo que os municípios do Rio de Janeiro flexibilizassem o uso da proteção. A lei não foi sancionada pelo governador Cláudio Castro antes que Eduardo Paes (PSD-RJ) tomasse a decisão, mas isso foi resolvido no dia seguinte.
Após vacinar quase 90% da população adulta, São Paulo ficou livre de todas as restrições a aglomerações impostas durante a pandemia. Só fica obrigatório o uso de máscaras e do passaporte de vacinação. Pode show, balada e até passeio na casa swing (mas tudo deve ser consensual).
Enquanto isso, o governo federal deixou novos medicamentos para a covid fora da lista de remédios distribuídos pelo SUS. O governo também publicou uma portaria, muito provavelmente ilegal, proibindo a demissão por justa causa para quem não se vacinar.
Já na Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), órgão consultivo do ministério para a análise de novas terapias e definição de protocolos da rede pública, continuam as pressões para não aprovar um parecer que contraindica o uso de hidroxicloroquina para a covid. Prioridades.
Pedalada ambiental
A chegada do Brasil na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26) foi marcada pelo governo federal dando mais uma pedalada. Todos os presentes terão metas mais audaciosas para reduzir as emissões de poluentes até 2030. O Brasil (ao lado do México), entregará um cálculo que permite aumentar as emissões até o fim desta década.
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, também utilizará o evento para apresentar os grandes avanços que o Brasil fez na área de sustentabilidade. Leite afirmou que as propostas brasileiras foram definidas após amplo debate e diálogo feito com mais de 200 empresas e instituições civis e públicas. Mentira.
Aliás, falando no presidente, Jair Bolsonaro não esteve no evento. A sua presença ficou restrita a um vídeo e sequer o vice-presidente, Hamilton Mourão, foi enviado para a festa. Em breve vamos ter que arrumar um termo pior do que pária para nos definirmos no cenário internacional.
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Antes da COP26, os líderes das 20 maiores economias mundiais se reuniram no G20. O encontro teve vários líderes vacinados reafirmando o seu interesse em reduzir as emissões de gases poluentes nos próximos anos. Nenhum deles era brasileiro.
Jair Bolsonaro até estava presente, mas só conseguiu estabelecer diálogo com os garçons do local. O zap zap humano e roteador de covid que ocupa o Palácio do Planalto esnobou um príncipe, pisou no pé da chanceler da Alemanha e mentiu sobre tudo o que era possível mentir sobre o próprio país. Para fechar com chave de ouro, se meteu em confusão, foi criticado por membros da Igreja e ignorado por um prefeito.
Novamente: precisamos de um termo pior do que pária para definir a imagem da nossa nação no cenário internacional, já que pária não traduz a desgraceira em que nos encontramos.