A Nova Era – Semana #172: superfaturando o óleo de peroba
Corrupção, compra superfaturada, escárnio e falta de vergonha na cara.
Tudo isso e muito mais no resumo da semana 172 do governo Bolsonaro.
The following takes place between apr-12 and apr-18
Funcionário do mês
A Advocacia-Geral da União solicitou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o arquivamento de uma investigação contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) por suspeita de favorecimento a pastores do Ministério da Educação. Apesar de termos um áudio com o então ministro Milton Ribeiro afirmando a prefeitos que atuava em situação análoga a crime a pedido de Bolsonaro, a AGU acredita que o presidente deve ficar de fora de qualquer inquérito. Tão normal quando as 35 visitas dos pastores ao Planalto.
Fogo amigo?
Enquanto isso, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, deu uma entrevista afirmando que a ida do centrão para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) aconteceu a pedido do presidente. “Você vai entregar o FNDE pro centrão”, disse o ex-ministro ao referir-se a Bolsonaro. O menino de Ciro Nogueira, Marcelo Lopes da Ponte, ganhou a presidência do fundo em junho de 2020.
Fogo amigo!
Já Lopes da Ponte, em depoimento à Controladoria-Geral da União (CGU), jogou a bomba na mão do pastor Arilton de Moura. Segundo ele, o lobista de Deus realizava insinuações sobre propinas sempre que estavam juntos. Ele só não disse se topou, ou não, ajudar o pastor.
Photo op
O governo Bolsonaro não só contou com o apoio de lobistas para liberar verbas, mas também direcionou recursos para escolas, creches e quadras que foram (e serão) construídas pela metade. Segundo a Folha de S. Paulo, 1.780 obras foram pactuadas com prefeituras, utilizando como base a intermediação de parlamentares aliados.
Assim que o deputado responsável pelo acordo conseguia o seu photo op, a transferência da verba era barrada (ou apenas uma parte dela era feita). Como consequência, R$ 431 milhões de reais ficaram travados enquanto aliados de Arthur Lira (PP-AL) compravam kits de robótica superfaturados. O escândalo faz a ação do centrão na Codevasf parecer um passeio no parque.
Narcogarimpo
Enquanto a Folha de S. Paulo publica texto de opinião mal escrito a favor do garimpo em terras indígenas, os Yanomami aparecem na mídia com motivos para essa prática ser abominada. Segundo relatório da Hutukara Associação Yanomami, feito com o apoio do Instituto Socioambiental, o narcotráfico já está explorando esse tipo de atividade ilegalmente e, naturalmente, levando violência para os moradores da reserva em que os Yanomami vivem. Nesse caso vale utilizar o eufemismo de “garimpo artesanal”?
Pequenas notas do Quinto dos Infernos
O governo federal não quer que você saiba quem está visitando o presidente da República.
Geraldo Alckmin já é mais petista que os próprios petistas.
O governo decidiu aumentar em 5% o salário dos servidores públicos.
Quando Sergio Moro deixa de ser considerado como opção válida no jogo eleitoral, Bolsonaro ganha votos.
O sarampo voltou a ser um problema para o Brasil.
Arthur do Val é um político sem mandato.
O governo conseguiu nomear seis indicados para o Conselho de Administração da Petrobras. A sua meta era oito (nenhum dos aprovados mudará a política de preços da empresa).
Luciano Bivar é o pré-candidato do União Brasil à Presidência.
Bolsonaro passou mais um final de semana passeando de moto.
João Dória quer fazer uma eleição com um PSDB quebrado.
A semana da pandemia
A Anvisa abriu o processo de recebimento de pareceres médicos para fundamentar a resposta ao pedido do Instituto Butantan para a liberação da CoronaVac para crianças a partir de três anos. Hoje, a vacina só pode ser utilizada em crianças acima de seis anos. Se aprovada, a medida ajudará o país a acelerar, ainda mais, a redução do número de mortes no país.
Falando sobre o tema, o ministro da Saúde anunciou, em pronunciamento na noite do último domingo (17), o fim da emergência de saúde pública por conta da covid-19 no Brasil. A decisão foi tomada em função da ampla cobertura vacinal e a baixa lotação dos leitos do sistema público de saúde. Com a revogação, as recomendações e normas do governo federal adotadas em março de 2020 perderam validade.
Viagra forte, mão amiga
O sistema de saúde das Forças Armadas comprou, em 2020, 35 mil comprimidos de Viagra. Os militares se defenderam afirmando que o remédio era voltado para o tratamento de hipertensão arterial pulmonar. Até aí, tudo bem, mas há um detalhe: a doença é rara, mais comum em mulheres e a dosagem comprada é maior do que a recomendada para o tratamento da doença.
Recauchutada
As forças armadas também compraram próteses penianas para os militares. A informação foi obtida pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO). A compra custou R$ 3,5 milhões, um valor muito maior do que os R$ 546 mil utilizados entre 2018 e 2020 para a compra de Botox.
O que falta é cinismo
O Tribunal de Contas da União abriu investigação para avaliar se os comprimidos de Viagra foram superfaturados em até 143% ou não. O fato é que as Forças Armadas contam com um sistema de saúde próprio e plano de saúde interno para cuidar das demandas (todas elas) dos militares. Assim sendo, seria muito mais fácil a assessoria de imprensa do órgão utilizar o mesmo cinismo dos juízes do Superior Tribunal Militar e explicar as suas decisões de maneira franca.
Se os militares não tem vergonha dos crimes contra a humanidade que as forças armadas cometeram no passado, por qual motivo deveriam deixar de admitir que são brochas de pinto pequeno?