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A Nova Era – Semana #182: prende, solta e pressiona

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A Nova Era – Semana #182: prende, solta e pressiona

Guilherme Magalhães
Jun 28, 2022
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A Nova Era – Semana #182: prende, solta e pressiona

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Ex-ministro do governo sem corrupção sendo preso por suspeita de corrupção, pressões sobre o Tribunal Superior Eleitoral e ideias ruins para combater o aumento de combustíveis (de novo).

Tudo isso e muito mais no resumo da semana #182 do governo Bolsonaro.


The following takes place between jun-21 and jun-27


Partiu pro ataque

Arthur Lira (PP-AL) se uniu a Bolsonaro e partiu para cima da Petrobras. O presidente da Câmara dos Deputados apoiou publicamente uma PCI para a empresa, afirmou que (o agora ex-presidente) José Maura Coelho não tinha legitimidade para ocupar o seu cargo e que era necessário “tirar a máscara” da petroleira. Quem não sabe como a Bovespa funciona chegou a acreditar que estávamos falando de uma empresa não listada na bolsa.

Fã ou Hater?

Já Bolsonaro, que conta com plenos poderes sobre o principal acionista da empresa (a União), apoiou a iniciativa. Durante o final de semana do dia 18, o presidente afirmou que era “inadmissível” que a empresa se gabasse dos seus lucros. Também afirmou que ela perderia R$ 30 bilhões em valor de mercado com a notícia de uma possível CPI.

Ideias ruins para problemas péssimos

Enquanto Bolsonaro e Lira atacavam a Petrobras, Adolfo Sachsida lembrou ao presidente que ele não pode interferir na política de preços de combustíveis adotada pela estatal. O motivo? A Lei das Estatais.

Mas o presidente pode tentar outras estratégias, algumas delas até um pouco mais eficazes do que intervir no ICMS. Nas ruas de Brasília (DF), começou a voar o balão de ensaio de um aumento do valor do Auxílio Gás e uma espécie de “bolsa-caminhoneiro” para ajudar a categoria. Não é a melhor estratégia, mas certamente é mais eficiente e socialmente justo do que financiar diesel de dono de Land Rover.

Só falta falar de onde sairá o dinheiro.

Blindagem

Jair Bolsonaro sabe que, se demorar muito para tentar encontrar uma solução para a inflação que envolva gastos federais, terá que lidar com a possibilidade de ser acusado de cometer crime eleitoral. Diante disso, o presidente publicou um decreto para blindá-lo de possíveis acusações caso os seus planos de distribuição de dinheiro para caminhoneiros e pobres dê certo. Se tudo der errado, ainda há a possibilidade de um estado de calamidade ser decretado.

Pequenas Notas do Quinto dos Infernos

  • Uma juíza tentou impedir uma criança de 11 anos de conseguir acesso ao seu direito legal ao aborto.

  • Após várias aberturas para o diálogo, as Forças Armadas cobraram mais diálogo com o TSE e reafirmaram que farão, durante as eleições, o que elas já estão autorizadas a fazer.

  • O PT centralizou um pouco mais o seu plano de governo para as eleições de 2022.

  • Lula segue sendo o candidato com mais chances de derrotar Bolsonaro (e todos os outros candidatos) ainda no primeiro turno.

  • Mais de 111 milhões de doses de vacina contra a covid-19 não foram aplicadas pois os brasileiros aptos a recebê-las não foram ao posto de saúde mais próximo.

  • O governo federal utilizou as sobras do Bolsa Família para investir nas Forças Armadas.

  • A Polícia Federal impôs sigilo de cem anos sobre a investigação interna da morte de Genivaldo de Jesus dos Santos.

  • Arthur Lira (PP-AL) mandou um recado para o(a) próximo(a) ex-presidente(a): o orçamento secreto fica.

  • A Petrobras tem um novo presidente.

  • Roberto Campos Neto afirmou que o pior da inflação brasileira está no passado.

Queimando a mão para não queimar a cara

A Polícia Federal prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e alguns dos pastores suspeitos de transformarem a liberação de verbas no MEC em “balcão de negócios”. Os acusados responderão por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.

Após afirmar que colocaria a cara no fogo pelo ex-ministro, Bolsonaro jogou Ribeiro pela janela. Bolsonaro também afirmou que a corrupção dele é diferente da corrupção de outros governos, como se isso fosse algo bom.

Coincidência I

Na quinta-feira (23), o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal, mandou soltar Milton Ribeiro. Com o pasto de volta para a sua casa, o presidente voltou a defendê-lo.

O delegado federal que pediu as prisões, Bruno Calandrini, disse em mensagem a colegas que houve “interferência na condução da investigação”. Já a imprensa revelou que o ex-ministro, esta “pessoa honesta e fiel”, pouco antes de ser preso, afirmou em ligação que o presidente estava com um “pressentimento” de que algo ruim aconteceria a ele.

Coincidência II

As investigações também apontam que Luciano Musse, ex-gerente de projetos do Ministério da Educação, hospedou-se no mesmo hotel do pastor Arilton Moura por dez vezes em Brasília (DF). O religioso é um dos suspeitos de integrar o esquema de tráfico de influência no MEC.

Segundo o empresário e radialista Edvaldo Brito, Moura pediu uma “doação” de R$ 100 mil em obras missionárias após organizar uma visita de Milton Ribeiro à Nova Odessa (SP). As afirmações, feitas em depoimento à Controladoria-Geral da União, se uniram a acusações semelhantes feitas por prefeitos de outras cidades.

Mão amiga

Com a cara já queimada, Bolsonaro quer evitar, agora, sentir o fogo arder em sua mão. Como quem sabe muito bem o que o ex-ministro pode causar para as suas pretenções políticas, o governo acionou a base aliada para tentar impedir a instalação de uma CPI no Senado. A oposição fez trabalho de formiguinha para conseguir as assinaturas necessárias para isso.

Ao longo da semana, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) jurou que não fará corpo mole caso o pedido seja apresentado. O histórico dele no assunto gera desconfiança, mas, como o pedido já está entregue, o presidente do Senado está na posição ideal para provar a esta redação que ela está errada.

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