Lulaverso – Ano II, 2ª quinzena: corre que os golpistas tão puto
Golpistas recebendo visitas da Polícia Federal (2x), espionagem na ABIN e o caso Marielle Franco.
Tudo isso e muito mais no resumo da quinzena 2 do segundo ano do governo Lula.
The following takes place between jan-15 and jan-29
Ainda a desoneração
Fernando Haddad não desistiu de encontrar uma solução para as terríveis desonerações da folha de pagamento. Agora, a alternativa apontada por Rodrigo Pacheco (PSD/MG) é a edição de duas Medidas Provisórias: uma, para cancelar a renovação da folha, outra, para manter a revogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e o limite de compensação de créditos para pagamentos de impostos.
Tira daqui, corta dali, aumenta acolá e todo mundo fica mais ou menos feliz. Exceto o setor de turismo, é claro, que agora está separando espaço no orçamento para contratar bons lobbystas para atender as suas demandas por uma boa parcela do orçamento público.
Corre que o golpista tá puto
O deputado federal Carlos Jordy (PL/RJ) recebeu a visita da Polícia Federal. As buscas fazem parte do inquérito que investiga as invasões dos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Jordy, que é líder da oposição na Câmara, está sendo investigado por suas relações com Carlos Victor de Carvalho, acusado de ser um dos coordenadores dos ataques golpistas.
Quem tem, tem medo
A operação espalhou o medo por Brasília (DF). O acesso às conversas de Jordy com outros deputados e financiadores de atos potencialmente golpistas tem tudo para aumentar o escopo das ações da PF contra praticantes, financiadores e legitimadores de atos antidemocráticos. Mas a regra segue viva: a melhor forma de não ser chamado de golpista é não se envolver com golpismo.
Esqueçam o que eu postei
Jordy reagiu atacando o ministro Alexandre de Moraes. Ele também demonstrou enfrentar amnésia grave durante o seu pronunciamento em redes sociais. Se forçar mais um pouquinho ele vira até o Ulysses Guimarães.
Olho nisso
Quase seis anos após a morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, a Polícia Federal fechou um acordo de delação com Ronnie Lessa, o executor dos disparos que atingiram a parlamentar do PSOL e seu motorista. Sendo a notícia verdadeira, essa será a segunda delação com partícipes do crime. Como o acordo deve ser autorizado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), é muito provável que o mandante seja alguém com foro privilegiado, como é o caso de Domingos Brazão (que estamos citando aqui apenas de maneira figurativa).
Pequenas notas do Quinto dos Infernos
Sergio Moro (União/PR) está sendo investigado por suspeita de fraude em delação premiada e ainda pode perder o cargo no Tribunal Superior Eleitoral (por outros motivos).
A lei que criminaliza bullying e agrava pena para ataques escolares foi sancionada.
A bolsa para estudantes do ensino médio, uma ideia de Aécio Neves (PSDB/MG), copiada pela Simone Tebet (MDB) e transformada em lei por iniciativa de Tabata Amaral (PSB/SP) também foi sancionada por Lula (PT).
Bolsonaro (PL) está muito incomodado com os elogios de Valdemar da Costa Neto (PL) ao presidente Lula. Que pena!
O registro de vacinação de Jair Bolsonaro contra a covid-19 é falso.
Alguém precisa avisar ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, que ele não é diretor de agência reguladora ou deputado para defender regulação de mercados.
O IBGE desaprendeu a falar comunidade.
As Forças Armadas pediram quase R$ 1 milhão por dia para manter o apoio às ações de desintrusão do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.
O governo quer gastar quase R$ 6 bilhões para socorrer empresa aérea.
O Orçamento foi sancionado com veto a emendas parlamentares e o Planalto já quer afagar os congressistas nervosos com o corte.
Um pastor, um ministro e um auditor do TCU entram em um bar…
O Governo Federal e os pastores brasileiros entraram em confronto na última quinzena por um motivo que daria orgulho ao menino Jesus: dinheiro.
A Receita Federal decidiu acabar com a isenção de recolhimento de impostos sobre os salários de ministros de confissão religiosa. A isenção foi considerada atípica porque não passou pela subsecretaria de tributação da Receita. A suspensão foi acelerada após pressão do Tribunal de Contas da União, que investiga o caso.
A bancada evangélica no Congresso tentou chamar o fim da regalia de perseguição. Não deu certo, mas como eles ainda são muito poderosos, o governo esperará o aval do TCU para finalizar o benefício de vez.
Tente outra vez
O governo anunciou a nova política industrial. A meta é garantir até R$ 300 bilhões nos próximos dois anos, a maior parte em financiamentos. Voltaram com hábitos antigos, como a compra de participação acionária de empresas por meio do BNDES, inseriram algumas novidades e esqueceram o básico: dar a garantia de que aprenderam com os seus próprios erros e os erros alheios.
A-ra-pon-ga
A Polícia Federal visitou os endereços do deputado federal Alexandre Ramagem (PL/RJ) como parte de um inquérito que investiga o uso de um software de espionagem para monitorar adversários e autoridades que não eram subservientes ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ramagem era diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) quando, segundo a PF, o SNI 2.0 foi criado
Normar I
Alexandre Ramagem é ex-diretor da Abin e deputado federal. Ele também quer ser prefeito do Rio de Janeiro (RJ). Considerando o histórico do estado e da cidade, ele será um candidato muito competitivo. Só precisa ficar elegível até lá.
A investigação, aliás, quase não aconteceu. Segundo a Polícia Federal, a atual direção da Abin, sob o governo Lula, tentou interferir nas investigações. Talvez esteja na hora de o presidente mandar um pessoal visitar o RH.
Previously on: noticiário policial
Na última terça-feira (23), o ministro Alexandre de Moraes autorizou o compartilhamento com a Controladoria Geral da União, de investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A CGU obteve acesso a dados de oito inquéritos:
o das milícias digitais;
o das fake news;
o sobre o vazamento de dados de operações sigilosas da PF;
o envolvendo os autores intelectuais e instigadores de atos golpistas;
o sobre a suposta interferência na PF;
o sobre as adulterações em cartões de vacina;
o sobre as joias da Arábia Saudita
o sobre o uso indevido de ferramenta de espionagem da Abin.
Em outra frente, o senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ) negou que a Abin tenha sido utilizada para favorecê-lo. O filho do ex-presidente Jair Messias afirmou que “o que nós vemos é uma salada de narrativas, inclusive antigas, já superadas, colocadas para imputar negativamente, criminalmente no nome da gente sem qualquer conjunto probatório” e que ele até tem amigos na Abin, mas que eles jamais passaram informações sigilosas para ele.
Normar II
A visita final da PF (e o motivo do atraso desta edição) foi à família Bolsonaro. O suposto vereador do Rio de Janeiro (RJ) Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi o principal alvo da última etapa da investigação que apura uso ilegal de ferramentas da Abin. Ela também atingiu outras pessoas ligadas à família, consideradas partes do “núcleo político” da Abin paralela.
Ao chegar na residência dos Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ), os agentes da PF não encontraram a família presente. Segundo Fabio Wajngarten, o clã teria saído para pescar em uma madrugada de segunda feira. Era mentira.
Bolsonaro chamou a operação de “perseguição implacável” contra ele e seus filhos — como se alguma vez na vida ele tivesse negado o seu desejo por um novo SNI. A Secretaria de Comunicação optou por ironizar (e depois teve o seu chefe se fazendo de sonso) o dia ruim do ex-presidente. Todo mundo perdeu a chance de ficar calado.