Lulaverso – Semana #03: acomoda e pune
Os indígenas que Bolsonaro deixou para morrer, a ofensiva contra os golpistas e o descaso do último governo com os indígenas brasileiros.
Tudo isso e muito mais no resumo da semana #03 do governo Lula.
The following takes place between jan-15 and jan-21
O gigante acordou
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou e pediu a prisão de 39 suspeitos de envolvimento nos atos golpistas do último dia 08. A acusação, apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou que os suspeitos sejam condenados aos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, dano e deterioração do patrimônio público tombado e golpe de estado. Terrorismo, como esperado, ficou de fora.
Follow the money
A denúncia também pediu que seja realizado o bloqueio de R$ 40 milhões em bens dos envolvidos para o pagamento de reparo dos danos. Além disso, solicitou a perda de cargos e funções públicas quando for o caso. Não se faz micareta golpista de graça.
Apazigua
Arthur Lira (PP-AL) já começou a sua operação de proteção e troca de favores com os novos representantes do povo no Congresso. Em encontro com o PGR, Lira defendeu que parlamentares envolvidos nos protestos sejam punidos, desde que eles não se chamem Nikolas Ferreira (PL-MG), Clarissa Tércio (PP-PE) e André Fernandes (PL-CE). Agora, quando o assunto for Jair Bolsonaro, “cada um responde pelo que faz”.
Prende
A Polícia Federal realizou uma operação voltada para prender temporariamente suspeitos de organizar, liderar e financiar os atos golpistas após as eleições. Chamada de Operação Ulysses, a ação teve como um de seus alvos o subtenente do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Roberto Henrique de Souza Júnior, e se limitou a crimes que possam ter sido cometidos no Rio de Janeiro.
Chato!
As audiências de custódia dos vândalos envolvidos na micareta análoga a terrorismo de estado do dia 08 demonstrou que os inimigos dos direitos humanos podem ser grandes humanistas — se o deles estiver na reta. Nos tribunais responsáveis por ouvir os presos, os vândalos indicaram que:
foram presos contra a sua vontade;
estavam vivendo a base de fruta, suco e Toddynho;
havia 10 pessoas em um espaço em que cabiam 8;
não havia wi-fi aberto;
a comida não era de alto padrão.
Fax o pix
Os golpistas também lidaram com advogados de chave de cadeia. Muitas pessoas efetuaram pagamentos de R$ 1.000,00 para ter apoio jurídico na frente de um juíz. Até aí, tudo bem, mas tem um porém: além do valor superfaturado, teve advogado vendendo o seu apoio como algo muito maior do que o necessário, já que várias pessoas foram soltas após a primeira audiência de custódia.
Pequenas notas do Quinto dos Infernos
Rodrigo Constantino não trabalha mais para a Jovem Pan.
A Federação das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp) destituiu Josué Gomes da Silva da presidência da entidade após ele assinar um manifesto a favor da democracia.
Um dos acusados de tentar explodir um caminhão em Brasília (DF) foi assessor de Damares Alves, ex-ministra de Bolsonaro, e visitou o Planalto em 2021.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) registrou ao menos sete casos suspeitos de vandalismo em torres de transmissão desde o dia 08 de janeiro.
A minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, foi incluída nos autos de uma ação que investiga a campanha de Bolsonaro à reeleição. A defesa do ex-presidente chamou o documento de apócrifo.
O Governo Federal revogou uma portaria que exigia dos médicos a comunicação de abortos por estupro às autoridades policiais e saiu do Consenso de Genebra.
Já a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) revogou uma portaria que flexibilizava o manejo e a exploração de madeira em terras indígenas.
Os gastos com cartão corporativo do governo Bolsonaro podem ultrapassar R$ 75 milhões.
A promessa de mudanças na tabela do Imposto de Renda ficará para quando a reforma tributária for aprovada — uma fala melhor do que a mentirosa dita pelo ministro Fernando Haddad (Economia).
A Secom pegou ar de uma forma vergonhosa por conta de uma foto.
Vá com Deus
O presidente Lula (PT) dispensou mais de 50 militares que trabalhavam em residências oficiais da Presidência, o Palácio da Alvorada e a Granja do Torto. As exonerações atingem cabos, soldados e sargentos que eram responsáveis pela segurança dos locais. A dispensa foi a primeira das consequências das suspeitas de que militares tenham sido coniventes com os atos golpistas de 8 de janeiro.
Estabiliza
O ministro da Defesa, José Múcio, passou o último mês tentando estabilizar a relação do presidente Lula com os comandantes das Forças Armadas. A ideia é conseguir costurar um grande acordão, que permita a punição (ou a troca) dos comandantes que estiveram mais envolvidos com os atos golpistas do começo do mês e, ao mesmo tempo, melhorar a infraestrutura dos quartéis. O dossiê com fotos e informações de militares associados ao golpismo deve ser uma boa carta na manga para o governo.
Operação limpeza
O fato é que Lula quer, corretamente, punir militares envolvidos em atos golpistas, como é o caso do coronel do Exército — e incitador de revolta nas horas vagas — José Plácido Matias dos Santos. A medida ajudaria a afastar a tropa da política e, ao mesmo tempo, renovar a relação do governo com os militares. De brinde, o presidente conseguiu trocar o comando do Exército por alguém que defende, ao menos da boca para fora, a democracia.
Sinais
Em sua primeira entrevista exclusiva após as eleições, Lula afirmou à jornalista Natuza Nery que teve a “impressão de que [o vandalismo do dia 08] era o começo de um golpe de Estado”. O presidente também afirmou que desistiu da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para exercer o cargo de presidente em sua plenitude. Além disso, deixou claro que os principais órgãos de inteligência falharam nas vésperas do ataque à Brasília (DF).
Democratas
Interlocutores de Jair Bolsonaro e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, disseram ao jornalista Caio Junqueira que o ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro, General Walter Braga Netto, liderou reuniões em Brasília para discutir caminhos para um golpe de estado. A minuta golpista encontrada na casa de Torres seria fruto de um desses encontros. Em novembro, Netto pediu a apoiadores do ex-presidente que eles “não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar para vocês agora”.
Já pode chamar de genocídio?
O Ministério da Saúde decretou estado de emergência para combater os problemas de nutrição e falta de assistência sanitária que atingem os yanomamis desde o começo do governo Bolsonaro. As ações se tornaram necessárias após 4 anos de negligência do Governo Federal, que levaram os indígenas a lidarem com garimpo ilegal, malária e desnutrição. As mortes já estão na casa das centenas.
Essa seria uma situação totalmente evitável caso o último presidente não tivesse se comportado como um genocida.