A Nova Era – Semana #208: antessala da esperança
Uma tentativa de atentado em Brasília, os novos ministros de Lula e a aprovação da PEC da Transição.
Tudo isso e muito mais no resumo da semana #208 do governo federal.
The following takes place between dec-20 and dec-26
Balança, mas não cai
A penúltima semana do governo derrotado de Jair Bolsonaro começou com dúvidas sobre o poder de Arthur Lira (PP-AL). A ajudinha de Gilmar Mendes (ver mais aqui) ao presidente eleito Lula (PT) fez muitos cravarem categoricamente: o presidente da Câmara dos Deputados estava fraco.
Para a alegria dos três fãs de Lira, o deputado demonstrou trabalho e entregou a aprovação da PEC da Transição sem grandes entraves. O texto saiu da Câmara um pouco mais desidratado do que chegou, com gastos acima do teto em R$ 145 bilhões, um ano de duração e outras coisas mais. A ajuda de Lira não foi alta o bastante para que Lula entregasse a ele as chaves da Saúde, mas deve ser o bastante para que o presidente diplomado ajude na sua reeleição.
Quarta-feira fraca
Já no Senado, a PEC da Transição passou como água no tobogã. Em duas votações relâmpago, o texto foi aprovado por 63 votos a 11. Ao chegar no Congresso, depois de muito vai e vem, o texto foi promulgado no início da madrugada.
Política
Um dos pontos de grande debate durante a semana da Câmara foi o destino dos R$ 19,4 bilhões do orçamento secreto que foram declarados como inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. O centrão e Lula acomodaram cerca de R$ 9 bilhões para gastos discricionários, investimentos e custos de ministérios. Já o restante, com o apoio de Lira, foi dado ao relator do Orçamento para que fosse distribuído entre emendas de comissões, parlamentares e de bancadas.
Em outras palavras, mudou-se tudo, para mudar quase nada.
Pequenas notas do Quinto dos Infernos
Bolsonaro renovou a concessão da Rede Globo.
A Câmara aprovou uma série de aumento de gastos para os próximos anos.
Após anunciar um lavajatista para a Polícia Rodoviária Federal, Flávio Dino anunciou um não lavajatista para a Polícia Rodoviária Federal.
A equipe de Lula revogará sigilos de Bolsonaro, mas com calma.
Carla Zambelli (PL-SP) teve o porte de arma suspenso.
O número de praias limpas no Brasil é o menor em 6 anos.
Bolsonaro perdoou os policiais envolvidos no massacre do Carandiru.
Um dos cotados para ser ministro de Lula é acusado de praticar uma das corrupções mais tradicionais do Brasil: a gráfica fantasma.
O STF restringiu as decisões individuais de ministros.
Alexandre de Moraes mandou prender Oswaldo Eustáquio.
Passaralho reverso
Lula seguiu a sua rotina de nomeações de novos ministros, muitos deles aliados históricos do petista. Em listinha, pois assim fica mais fácil:
Camilo Santana (PT-CE), com Educação (já a governadora Izolda Cela será a secretária-executiva da pasta);
Alexandre Padilha (PT-SP), com Relações Institucionais;
Nísia Trindade, com Saúde;
Wellington Dias (PT-PI), com Desenvolvimento Social;
Luciana Santos (PCdoB), com Ciência e Tecnologia;
Silvio Almeida, com Direitos Humanos;
Anielle Franco (PSOL-RJ), com Igualdade Racial;
Luiz Marinho, com Trabalho;
Márcio Macêdo, com a Secretaria-Geral da presidência;
Jorge Messias, com a Advocacia-Geral da União;
Márcio França (PSB-SP), com Portos e Aeroportos;
Cida Gonçalves, com Mulheres;
Geraldo Alckmin (sim), com Desenvolvimento, Indústria e Comércio;
Esther Dweck, com Gestão;
Ana Moser, com Esportes;
Vinícius Marques de Carvalho, com a Controladoria-Geral da União.
E Simone Tebet (MDB)? Tudo indica que irá para o Planejamento, mas sem poder tocar o PPI ou gerenciar bancos públicos. Acontece.
Natal explosivo
Um homem chamado George Washington foi preso pela Polícia Civil por ser suspeito de tentar explodir um caminhão de combustível próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília. O bolsonarista em situação análoga a terrorismo estava em Brasília (DF) participando dos protestos golpistas a favor do presidente Jair Bolsonaro. Em sua casa, a polícia encontrou um arsenal avaliado em algumas centenas de milhares de reais.
Em depoimento à Polícia Civil, Washington afirmou que estava em Brasília contra a eleição de Lula e que fora influenciado pelo presidente da República. Depois, solicitou que a citação ao presidente fosse retirada de seu depoimento.
Velho fazendo velhice
As notícias de gente armada e com desejos explosivos em Brasília deixou a equipe de Lula preocupada. Afinal de contas, há um sério risco de que o aparato de segurança não seja forte o bastante para proteger o presidente eleito. Considerando o histórico recente e a insistência de Lula em desfilar de carro aberto, a revisão concorda com o medo.
Pode dar merda.